domingo, 3 de abril de 2011

Estudantes do Brasil são os que têm menos livros em casa, aponta levantamento do Pisa

Quase 40% dos alunos brasileiros têm no máximo 10 obras

Folhear as páginas de um livro pinçado ao acaso nas prateleiras de casa é algo bem menos corriqueiro no Brasil do que muitos de nós imaginam. Pelo menos é o que indica um levantamento do Movimento Todos Pela Educação, segundo o qual quase 40% dos estudantes do país vivem em lares onde as obras literárias são artigos raros: em média, não passam de 10 exemplares.
Divulgada em março, a pesquisa teve como base os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2010, que envolveu 65 países ao redor do mundo.
O cenário brasileiro é considerado um dos piores. Se 39,5% das crianças e adolescentes disseram ter, no máximo, uma dezena de títulos em sua residência, outros 30,4% admitiram que o número não supera os 25. Somente 8,1% dividem espaço com mais de cem obras dentro da própria moradia.
Para efeito de comparação, em países como a Islândia, mais da metade da população estudantil conta com verdadeiras bibliotecas particulares, turbinadas por mais de uma centena de edições. Luxemburgo, um pequeno país encravado na Europa ocidental, entre a Bélgica, a França e a Alemanha, é o campeão "mais de 500 obras": nada menos do que 15,7% de seus estudantes desfrutam dessa condição.
É evidente que a simples posse de livros não garante um desempenho melhor, especialmente naqueles casos — tão comuns — em que acabam cumprindo o papel de meros enfeites. Ainda assim, a pesquisa mostrou que os jovens que convivem com esses objetos tiveram resultados superiores nas provas do programa.
Educadores são unânimes ao afirmar que, crescer em uma família marcada pelas letras, é determinante para o desenvolvimento intelectual.
— Mesmo que a criança não saiba ler e que os livros estejam na estante apenas para bonito, só o fato dela ter contato já é importante para que comece a se familiarizar e, no futuro, desenvolver o hábito da leitura — ressalta a professora Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Fonte: Zero hora